O trabalho do fotógrafo e artista plástico Daniel Mattar inscreve-se nestas duas disciplinas e reinventa-se a partir daí numa nova linguagem, com gramática própria e universo de características surpreendentes, por se apresentarem novas, sem aviso e sem regras inscritas à partida, no acto criativo.
Esse universo revela-se ora onírico, ora sombrio, como se a própria lente e o processo mecânico da câmara fossem não a ferramenta, mas também protagonistas das revelações e do espanto destes mundos novos que se apresentam perante nós.
O grande formato das obras patentes nesta exposição pode, à partida,não denunciar a base de trabalho do artista. Daniel Mattar sai do conforto do seu estúdio, usando como base artigos de imprensa que alertam para o aumento da temperatura global e a forma como os ciclos naturais do nosso planeta são afectados por estas alterações.
Toda a acção é desenvolvida numa superfície de 4cm , em solidão. Aqui, a tinta e papel são os protagonistas, manipulados, torcidos, conduzidos. Por fim, em total cumplicidade, criam vibrantes ondas de cor, como se fossem pinceladas violentas ou depósitos cromáticos calmos, reveladores de mensagens ou apenas apontamentos que questionam algo sem o revelar.
Esta comunicação inquieta entre os materiais e a chamada de atenção sobre uma questão global é o mote da exposição 'Rise'.
É desta inquietude que se alimenta o olhar de Daniel Mattar. É também ela que nos guia.
"Rise" apresenta trabalhos, que pelo próprio processo criativo e pela temática envolvida assentam solidamente na contemporaneidade.
Olha o presente, arrisca uma previsão de futuro, sabendo da impossibilidade de o conseguir.
Rui Guerreiro, 2018
Curadoria e Texto: Rui Guerreiro
Montagem expositiva: Pedro Canoilas
Realização: Brisa Galeria