Inquieto com o abismo entre a realidade e a percepção humana, Nelson Porto (Rio de Janeiro, 1978) é desde jovem um curioso pela representação do real. Talvez por isso, seu trabalho artístico se desenvolva em múltiplos suportes, indo da fotografia à realidade virtual.
Filho de um professor de desenho e uma psicóloga, sempre se interessou pela forma como o cérebro decodifica os volumes através de luz e sombra, criando realidades onde só existe ilusão. Tendo a técnica fotográfica e a sensibilidade visual como base, seu trabalho mistura desenhos hiper-realistas a lápis de cor, curta-metragens de vídeo-arte em timelapse e hyperlapse e realidade virtual. Mas a fotografia, por si, é o espaço de onde ele continuamente extrai suas percepções e onde re-projeta significados e linguagem visual em uma experimentação que é tanto sensível quanto complexa.
Em sua primeira exposição individual, "Raiz" de 2013, revisitou o material colhido de viagens a Etiópia, Índia e Amazônia em busca de um precioso fio humano ancestral compartilhado, de traços de uma cultura milenar que se torna fragmentada e distante em nossos tempos acelerados. Outro tema recorrente e transversal ao trabalho de Nelson é o tempo, dimensão que ele explora pelo movimento das sombras, pela textura das superfícies, pelos vazios eloqüentes dos espaços, no intervalo entre as fotografias.
Em 2013, participou também da exposição coletiva de fotografias "Bonito por Natureza", que trazia imagens de um Rio de Janeiro idealizado e esperançoso, e esbanjava cor, alegria, movimento. Seu penúltimo trabalho, a exposição "Ruína Carioca" é o contraste oposto: ao visitar um prédio de luxo abandonado em frente ao cartão postal do Pão de Açúcar, as imagens evocam a decadência e o vazio deixado de outras eras. A exposição contou com a imersão em um dos ambientes do prédio em Realidade Virtual, e foi um dos destaques do SP Foto 2018.
Em 2019, levou novamente a Realidade Virtual para o SP Foto, com o trabalho Liquenscape, que unia uma peça de vídeo imersiva em 360º 3D, um gigapanorama do Parque Nacional de Itatiaia, e uma imersão macro na complexidade fractal da natureza, novamente representado pela Bianca Boeckel Galeria. A fotografia "Água é Ouro" foi um dos destaques na mídia pela relação com o meio-ambiente.
Em 2021, Nelson retoma a temática da água com a série "A Superfície da Água".